8.08.2011

Destilando Veneno


Sem nos darmos conta, o veneno está escorrendo. Quem de nós não sente um “prazer” mórbido, cruel, infantil e ridículo em falar mal de alguém ou ofender alguém? Apontamos seus defeitos, atos impensados e distorcemos suas palavras pois julgamo-nos “superiores” a estas pessoas. Apontamos um erro absurdo e esquecemos de seus acertos. Não temos empatia nem paciência para tentar entender o que se passa na cabeça do outro e porque este age de tal modo. Amamos julgar, criticar, destilar veneno. É mais fácil do que se olhar no espelho e ver o ser medíocre que também somos. Todos erram. Todos  têm seus dias de crise. Todos têm o seu dia de loucura. Falamos mal das outras pessoas para nos sentirmos superiores ou para fazer o papel de vítima, pois o outro nos prejudicou e “a culpa é – sempre – do outro”.  

E por que fazemos isso? Bem, não somos anjos, somos seres humanos: estamos aqui para evoluir, e um dos meios de evolução é parar de destilar esse veneno. É fato, também, que escorremos esse veneno como um desabafo às vezes... Particularmente, confesso que já desabafei demais e me engasguei com o meu próprio veneno. Quando me dei conta do veneno de minha língua comecei a me culpar por tantos conceitos errôneos que proferi sobre certas pessoas. Mas “culpa”, neste caso, é algo insignificante. Disciplina é a chave.

Ao destilarmos veneno contra alguém, a luz de nossa aura fica opaca. Uma baixa vibração nos envolve e espíritos de luz se afastam. Abrimos caminho para seres de baixa energia – seres invisíveis e visíveis. Se você é um cético de plantão, não há sentido em continuar lendo esse texto, mas repense sobre o teto de vidro acima de você. Mas se você acredita em energias, efeito de ação e reação, e em um mundo além deste, não irá se espantar com essas “loucuras”. Enfim, é fato que nós atraímos aquilo que pensamos, e principalmente, falamos. A palavra tem o poder de cura e destruição. Quando falamos mal de alguém, mesmo que essa pessoa tenha um comportamento irritante e uma má índole, estamos verbalizando coisas negativas que um dia voltam. Se alguém te faz mal ou não passa confiança, ou simplesmente só faz “besteira”, se afaste e não a mencione. No momento em que citamos os erros dessas pessoas estamos nos aproximando energeticamente da baixa vibração de seus atos e também diminuindo nossa luz interior, pois estamos “destilando veneno”.

Sei que é super, mega difícil não falar mal do governo, do chefe, do ex, do vizinho ou do amigo que o apunhalou pelas costas. Falamos em tom de desabafo às vezes, eu sei. Mas disciplina é a palavra chave para  vigiar nossos atos e palavras, assim como o diálogo é a luz para resolver a maioria dos mal-entendidos. Essa disciplina eleva nosso campo vibracional e atrai boas coisas, além, de claro, deixar o coração mais leve. Não leva a nada se queixar do chefe ao colega, de seu namorado(a) aos seus amigos... Tente resolver qualquer problema diretamente com a pessoa, e se não for possível um acordo, afaste-se, perdoe seus erros e siga em frente; não perca energia e tempo com picuinhas. E não julgue alguém por mera vaidade ou maldade. Isso se voltará contra você e ensinará uma amarga lição. E, às vezes, por ironia do destino, a pessoa para a qual mais destilamos veneno contra, vem a nos oferecer ajuda num momento de aflição, em que todos os seus amigos ou parentes não estarão presentes e você terá que aceitar a ajuda dessa pessoa. Aprenderá a engolir seu orgulho e veneno.

Mas há lições que não aprendemos para a vida toda e “esquecemos”. Já perdi a conta das inúmeras vezes em que me peguei destilando veneno contra outra pessoa que havia ferido minha moral, princípios ou sentimentos. Sentia um prazer inexplicável ao fazer isso, mas ao mesmo tempo, atraía situações e pessoas cada vez mais problemáticas e “ruins” para minha vida. Tudo que envolve orgulho e vaidade é perigoso; sentir prazer em falar mal de alguém é doentio; ou seja, nem todos os prazeres são saudáveis e lúcidos. Eventos carmáticos e fora de controle me fizeram repensar no comportamento que eu vinha tendo... Reclamar das pessoas e das coisas ofusca a luz interior que carregamos. Além disso, atraímos mais situações “negras” para nossas vida. A lei da ação e reação é indiscutível. As palavras têm poder e tudo de ruim que é dito, todas as maldições que proferimos, toda raiva e ódio expressos por palavras... Voltam! Fazer o bem não se resume somente em ajudar quem precisa ou ajudar sem esperar nada em troca. Devemos, sim, fazer o bem; mas, o mais importante, é evitar o mal e maldizer pessoas. Se elas erram, te magoam, te decepcionam e se elas próprias fazem o mal, se afaste e tenha pena desses seres sem luz, mas não se rebaixe ao mesmo nível que elas... Procure se cercar de boas pessoas e viver a sua vida; não perca tempo e energia analisando a vida dos outros  e julgando seus atos como se a "verdade coubesse na palma de sua mão"...

Sei como é difícil mudar certos comportamentos viciosos e filtrar o que falamos... Mas se não aprendermos com o amor, aprenderemos com a dor; após muitas dores e aflições em minha vida e após julgar o universo e certas pessoas como culpadas pelos *meus infortúnios, notei que quanto mais eu maldizia as pessoas, quanto mais eu reclamasse e me voltasse contra tudo e todos, mais situações tristes eu trazia para minha vida. Portanto, repense se o que você está colhendo não é o que você plantou... Orai e vigiai; vigiai, principalmente, seus atos e sua língua...






*"... o homem é, na maior parte dos casos, o autor de seus próprios infortúnios, mas, ao invés de reconhecer isso, acha mais conveniente e menos humilhante para sua vaidade acusar a sorte, a Providência, o azar, a sua má estrela, quando na verdade, sua má estrela é sua negligência."
Evangelho Segundo o Espiritismo

Um comentário:

Fernanda Lisbôa de Siqueira disse...

muito bom o texto e muito bem escrito. fechou com o que eu vinha pensando de se concentrar mais e não perder tempo despendendo energia apontando os defeitos alheios e seus possíveis efeitos. nada muda e ainda por cima nos prendemos a essa corrente de negatividade que nada constrói mas desestrutura. o silêncio na hora certa e a resposta ou pergunta tb na hora certa são mais realizadores. é um aprendizado.